A SÍNDROME DE WILLIAM WAACK

Encerro hoje minha participação no debate sobre o caso William Waack e só voltarei a falar no assunto sob condução coercitiva.

Muitos se perguntam: por que o sujeito flagrado em comentário racista está sendo defendido com ferocidade por seus pares?

Porque eles têm o mesmo caráter. Certo. Porque pretendem devolver às redes sociais a acusação de disseminação do ódio. Certo. Porque o jornalista é corporativista e se acha intocável. Certíssimo.

Mas tem mais. O temor é de que um deles possa ser o próximo. As empresas de comunicação sabem que há um excesso de gente do modelito William Waack, que tenta combinar minissaia liberal com chicote de capitão-do-mato.

Os jornalistas de esquerda já tombaram e os sobreviventes continuam sendo caçados (com ç e com ss) nas redações.

Mas há fartura de jornalistas de direita, incluindo os da linha fofa, que falam bem da tia professora do século 20, mas falam mal das professoras que fazem greve no século 21.

Além de empanturrar o público com o mesmo discurso (e aquela cara simpática do William Waack), eles estão expostos aos danos da hegemonia propiciada pela adesão ao golpe.

Como há gente demais falando ao mesmo tempo, e quase todos com o mesmo discurso, fica escancarada a mediocridade de muitos deles. Não há mais o contraponto dos jornalistas progressistas, que diluíam a conversa reacionária no meio da falação na grande imprensa.

Então, eles sabem que há outros na fila. Nem falo do Rio Grande do Sul, porque aqui jornalista-radialista pode até pedir que os bandidos matem colegas de profissão e nada acontece. Aqui, podem até chamar jogador de futebol de negão viado.

Falo do Rio e de São Paulo e das grandes corporações. Hoje, o jornalista de direita pode estar mais preocupado do que o de esquerda. Alastra-se pelas redações a Síndrome de William Waack.

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