Barbie, as babás, a chacina e os livros que atemorizam o fascismo

Se o fascismo é mesmo a maior expressão do macho inseguro, é São Paulo que Barbie deve visitar quando aparecer no Brasil.

A Barbie que se humaniza para botar o dedo na cara da direita sem modos (e também da esquerda com índole de direita) precisa visitar São Paulo. 

Em São Paulo, descartam livros que gostariam de queimar, produzem chacinas e proíbem babás de conviverem com os homens de clube de ricos, se não estiverem bem uniformizadas e comportadas.

O macho paulista bolsonarista é a caricatura da caricatura dos machos do filme da Barbie. O macho inseguro de São Paulo ficou tão fragilizado, desde que João Doria não entregou o que prometeu à direita e virou um macho fofo, que teve de importar um macho carioca.

Tarcísio de Freitas era, até poucos dias, um Ken aparentemente em conflito com seu criador. Não é mais. Tarcísio passou no teste da matança e protegeu sua polícia. Está aprovado como herdeiro de Bolsonaro.

O governo de São Paulo chancela chacinas e despreza livros porque o bolsonarismo paulista precisa provar que tem talento para o aperfeiçoamento da violência, do ódio e de todas as crueldades extremistas.

São Paulo proíbe a livre circulação de babás num clube de elite, como proibiram no Clube Harmonia, porque o macho, muito mais do que as mulheres, precisa marcar a criadagem que o atemoriza. 

Os machos de todos os clubes de brancos temem babás sem uniforme, mais do que as mulheres dos machos. Porque babás não podem ser confundidas com as mulheres dos outros.

Babás devem ser marcadas como babás, menos pela imposição de um poder de classe e mais pelas fraquezas pessoais dos machos.

São Paulo teme as babás, teme a volta de negros e pobres aos aeroportos, teme dividir a picanha com os suburbanos e teme livros como Doria temia grafites. 

Tarcísio oferece aos paulistas, com sua pegada da extrema direita carioca, sua origem militar e o que aprendeu com Bolsonaro, o que os tucanos não entregavam.

A Barbie que incomoda também as esquerdas, porque todos os machos inseguros se parecem, teria um roteiro perfeito em São Paulo.

Mesmo que Natalia Pasternak desqualifique esse clichê freudiano, há um macho atormentado dentro de participantes de chacinas, de queimadores de livros e de bacanas que temem babás.

O bolsonarismo só abriu a porteira que o tucanismo manteve entreaberta por décadas. São Paulo vai aperfeiçoar com Tarcísio no século 21 o que o Rio ainda faz nos moldes do século 20.

De São Paulo, a Barbie pode ir a Belo Horizonte, a terra da fantasia de Ken Zema, para conhecer a cidade em que o macho bolsonarista se assusta e reage com voz grossa ao ver mulheres nos banheiros masculinos.

O macho brasileiro ainda teme mulheres jogando futebol (nunca a seleção foi tão atacada), não admite que mulheres narrem e comentem futebol e fica inseguro diante de babás sem uniforme.

O fascista brasileiro teme bonecas que começam a falar. E decidiu agora que a guerra é do Sul e do Sudeste contra o Nordeste. Barbie iria adorar as mulheres nordestinas.

2 thoughts on “Barbie, as babás, a chacina e os livros que atemorizam o fascismo

  1. LEgal, boa sacada. Mas essa rinha de galos, inaugurada pelo Zema, entre as regiões, parece ser o primeiro passo daquilo que já estamos antevendo desde o impeachment (e muitos na esquerda aventaram na época): esses ataques que viemos sofrendo do imperialismo – porque, no fundo, é disso que se trata o renascimento do fascismo (ou, pelo menos, é assim que ele se manifesta na periferia do império) – visam, em última instância, a partição territorial do Brasil, o “prêmio” geopolítico mais desejado de todos.

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