BOLSONARO FALA LOGO OU FICA COM A IMAGEM DE CHORÃO

Não é uma questão banal, é assunto muito sério. O que Bolsonaro irá dizer quando voltar a falar?

Vai dizer algo antes de sair? Ou só falará depois de ir embora?

O que os patriotas esperam que ele diga? Onde, quando e em que tom Bolsonaro irá dizer alguma coisa aos seus apoiadores?

Será assertivo? Será terno, cordial e apaziguador? Irá chorar, rir ou ficará sério, como sempre foi, um homem sóbrio e sensato?

Bolsonaro pode destruir tudo o que construiu com uma fala frouxa, como pode se reabilitar e ressuscitar, antes que Hamilton Mourão tome o seu lugar na extrema direita.

Porque Bolsonaro sabe que Mourão, Tarcísio de Freitas, Romeu Zema e outros querem entrar no vácuo que ele deixou com a clausura e a tristeza que o levou a chorar diante de comandantes militares.

Bolsonaro já deve ter lido visto ou lido várias vezes esse trecho de entrevista de segunda-feira de Tarcísio de Freitas à CNN:

“Eu nunca fui bolsonarista raiz. Comungo das ideias econômicas, principalmente, desse governo Bolsonaro. A valorização da livre iniciativa, os estímulos ao empreendedorismo, a busca do capital privado, a visão liberal. Sou cristão, contra aborto, contra liberação de drogas, mas não vou entrar em guerra ideológica e cultural”.

Dois detalhes da fala. Ele comunga das ideias “desse governo Bolsonaro”. O desse governo passa algum distanciamento, como se dissesse que se identifica com isso daí.

O governo é do Bolsonaro, não é dele também. Freitas não se refere ao “nosso governo”.

Mais adiante, alerta que não irá patrocinar ou acolher pautas ultraconservadoras do bolsonarismo, ao dizer não vai entrar “em guerra ideológica e cultural”.

O que Mourão, Zema, Freitas e outros ganham mantendo-se fiel a Bolsonaro? Nada. Não capitalizam coisa alguma. Podem, ao contrário, morrer abraçados a Bolsonaro.

Eles só têm uma chance de construir algum projeto, no vazio deixado por Bolsonaro. Afastando-se do sujeito.

Por isso Bolsonaro deve falar logo, para que deixe claro se ainda está no jogo e ainda tem forças. Porque a sua última imagem que ficou, do homem grande chorando num evento cheio de militares, é desastrosa.

Não é a postura que manés e patriotas gostariam de ver do líder que quase comandou um golpe.

Não deve existir na História exemplo de candidato a déspota que tenha chorado como Bolsonaro chorou. E diante de seus comandados.

O golpismo descobriu que as Forças Armadas têm um comandante supremo inseguro e chorão.