Uma recepção de perdedor no Rio Grande do Sul

A fidelidade de Bolsonaro ao Rio Grande do Sul, às vésperas do que pode vir a ser a sua morte política, não foi correspondida.

O quase condenado foi a Porto Alegre para buscar conforto e teve uma decepção no Aeroporto Salgado Filho.

A multidão esperada reduziu-se a uma aglomeração. Bolsonaro foi saudado, pelo cálculo médio dos jornalistas, por no máximo 300 pessoas.

O Globo foi mais generoso e informou: “Cerca de 300 a 400 pessoas, entre apoiadores e lideranças políticas da direita gaúcha, se concentravam em uma saída lateral”.

Havia muita bandeira do Brasil. Tinha gente com faixas e camiseta da Seleção. Mas não havia muita liderança. O líder de expressão no aeroporto era o deputado federal coronel Zucco, presidente da CPI do MST.

Bolsonaro participou de um almoço com empresários na sede da Federação das Indústrias (Fiergs) e à tarde visitou a Transposul.

É uma feira do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística do Estado, o segmento que o idolatra.

O visitante saiu do aeroporto agarrado à porta de uma caminhoneta, como fazia na campanha. Foi seguido por algumas dezenas de carros e motos.

Conselheiros vinham pedindo para que ele ficasse quieto. Mas não ficou, como relatou em Zero Hora o repórter Fábio Schaffner. Antes do encontro com os empresários, afirmou:

“Hoje começa o meu julgamento político. Ou melhor, não é político, é politiqueiro. Da mais baixa intenção por parte de alguns. Não estou aqui atacando o TSE, longe disso. Mas a fundamentação é coisa inacreditável”.

Depois disse, a respeito da minuta, que “golpe não tem papel, tem fuzil”, e desqualificou o documento encontrado, em duas versões, com Anderson Torres e Mauro Cid.

Contou que na quarta-feira servidores do Ministério Público Federal foram investigar a filha caçula Laura:

“Foram na minha casa ontem (quarta) querer saber como está a minha filha, de 12 anos de idade. Os caras não têm limite. Não tem nenhuma denúncia, nada contra ela. Foram lá para saber como é que está o cartão de vacina dela”.

Na sexta-feira, Bolsonaro participa de encontros com lideranças do PL gaúcho. Veio se proteger no Estado menos bolsonarista do Sul, onde teve 56,3% dos votos. No Paraná, obteve 62,4%, e em Santa Catarina, 69,3%.

Em Porto Alegre, foi derrotado por Lula, que teve 53,5%. Seu candidato ao governo do Estado, Onyx Lorenzoni, perdeu para o tucano Eduardo Leite, reeleito com apoio do eleitor petista. Mas para o Senado os gaúchos preferiram Hamilton Mourão a Olívio Dutra.

O colo que Bolsonaro veio pedir em Porto Alegre pode ser frouxo, desconfortável, localizado e insuficiente para compensar seu abatimento.

Mas foi o que ele escolheu. Por quê? Porque lhe prometeram grandes líderes da direita e extrema direita da região Sul e bastante povo no aeroporto. E eles não apareceram.

Pode ser apenas isso, um desprezo gaúcho ou sulista, mas pode ser também um sinal de que o quase condenado começa a experimentar a dura vida de perdedor.

2 thoughts on “Uma recepção de perdedor no Rio Grande do Sul

  1. Incrível como existem gaúchos aloprados. Já não bastava o Heinze, aínda escolhem Mourão em detrimento do gigante Olívio Dutra?
    É muita ignorância política!

  2. respondendo ao Carlos, de onde vem essa tal ignorância política? 60 anos de rbs e zero hora? centenas de rádios no interior (e milhares de radialistas) vomitando lixo 24×7?

    As radios e tvs são concessões públicas completamente des-reguladas.

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