O PRESTATIVO

O Conselho Nacional do Ministério Público vai investigar a conduta de Deltan Dallagnol. Já está claro que ele se submetia às ordens de Sergio Moro.
Não sei se corregedores analisam esses detalhes. Mas parece ofensivo para o Ministério Público que o chefe de uma força-tarefa encarregada de comandar investigações e depois organizar a acusação tenha se transformado em subalterno do juiz, quase um estagiário obediente.
As conversas mostram um Dallagnol prestativo, um instrumentador de Sergio Moro, alcançando pinças e bisturis para que o ex-juiz fizesse o serviço.
Há evidências de que Dallagnol, o servidor obsessivo que reza e faz jejum em nome da Justiça, queria estar à altura das demandas do chefe exigente e apressado.
Também deve ser analisado, nesse caso pelos juízes do Conselho Nacional de Justiça (mesmo que Moro não seja mais um deles?), a declaração do chefe da vara especial de Curitiba segundo a qual o que ele fez é muito natural.
Disse Sergio Moro ontem em Manaus, como se falasse de futebol, sobre as relações funcionais com Dallagnol:
“Veja, os juízes conversam com procuradores, juízes conversam com advogados, juízes conversam com policiais, isso é algo normal”.
Claro que conversam. Juízes conversam também, com excessiva proximidade, quando isso lhes favorece, com jornalistas amigos de magistrados.
Mas será que todos conversam do jeito que Moro conversava com Dallagnol e sua turma? Se disserem que sim, se admitirem que isso é normal, não há mais nada a fazer.
Moro será visto apenas como um caso exemplar de juiz conversador, mas sempre dentro da lei. E a lei, diz o ex-magistrado, vale para todos.

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