O repertório do juiz irônico

Os advogados de Lula fizeram com o juiz Sergio Moro o que o juiz fez com a presidente Dilma Rousseff. Moro foi gravado ao final de uma audiência, quando começou a fazer comentários irônicos sobre a conduta dos defensores do ex-presidente.
O juiz quis saber se os defensores de Lula iriam processar o porteiro do prédio do tríplex, que depôs como testemunha no processo contra Lula e chamou os advogados de lixo. O advogado Cristiano Zanin percebeu a preocupação de Moro em defender a testemunha e perguntou se ele estava atuando também como advogado do porteiro.
O juiz não conseguiu responder e mais uma vez ficou exposto publicamente como um magistrado inseguro. Não sou advogado, mas imagino que não seja comum que juízes provoquem advogados com chistes e sueltos após as audiências.
E o que Moro poderá fazer, se decidir reclamar da gravação, se ele mesmo grampeou ilegalmente Dilma Rousseff, conforme interpretação do Supremo?
O que parece é que Moro pode estar no limite da sua capacidade de suportar a pressão da Lava-Jato, ou, como dizem os alpinistas, pode ter chegado quase ao topo do Everest e enfrenta agora um desafio tão grande quanto a subida, que é a descida com segurança.
Teremos muitos outras audiências de Moro com os advogados de Lula. Esta é a etapa mais interessante da Lava-Jato, até porque poderemos avaliar o repertório de ironias do juiz de Curitiba. Pode ser sua arma heterodoxa, porque sua retórica, já se sabe, é bem fraca.

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