Quem vai ocupar a vaga de Anderson Torres?

Anderson Torres está em casa, com tornozeleira, como era possível prever. Escrevi aqui domingo, em texto compartilhado pelo DCM, que o delegado seria solto.

Aqui está o recibo do que publiquei neste blog:

“É possível prever, sem que pareça apenas adivinhação, que Anderson Torres poderá ser libertado nos próximos dias.

Se Alexandre de Moraes concluir que o delegado não tem mais o que esconder e ameaçar e se achar que as informações coletadas já são suficientes, considerando-se também o depoimento que dará nessa segunda-feira à Polícia Federal”.

O texto, na íntegra, está no blog, com data do dia 7 e uma questão que não é irrelevante. O lugar de Torres na cadeia será ocupado não por um, mas por muitos outros golpistas.

Pode não ser no início da semana, mas acontecerá em algum momento. É improvável que Alexandre de Moraes solte o nome de maior expressão entre os golpistas presos até então e não chame ninguém para a sua vaga na prisão.

Torres era, como deixou claro Gilmar Mendes no Roda Viva da TV Cultura, o cara da operação do dia 8 de janeiro, o encarregado de afrouxar controles policiais para que a bagunça prosperasse.

O ministro revelou que falou pelo menos 10 vezes ao telefone com Torres no dia 8 de janeiro.

Foi ele quem disse a Mendes que era preciso recorrer à GLO, a tal garantia da lei e da ordem, chamando as Forças Armadas para que comandassem uma intervenção militar.

Ele sabe tudo o que o delegado pensava e havia planejado como auxiliar dos grandes golpistas.

Torres acreditava, enquanto fugia para os Estados Unidos, que estava criado o ambiente para que os militares tomassem conta de tudo e Lula passasse a ser tutelado por generais.

Mas não deu certo, porque os generais não levaram a sério o que acontecia e se acovardaram diante do efeito da ideia que alguns deles venderam a Bolsonaro. Os generais se assustaram com a esculhambação.

Mas o golpe só existiu, como tentativa fracassada, por que teve idealizadores, planejadores, financiadores, operadores e malucos na ponta, aqueles que acamparam e os que invadiram os prédios dos três poderes.

Torres era um operador, um prestativo. Não era da liderança do golpe, assim como outros que estão aparecendo agora, como o ex-major Ailton Barros e o coronel Elcio Franco, também não eram mais do que mandaletes.

Todos eram serviçais encarregados de criar o clima e blefar. Mas obedeciam ordens de quem? De Bolsonaro e dos generais? Mas quais generais?

Moraes ainda não chegou a esses idealizadores e chefes do golpe, como não pegou os grandes financiadores, porque não é a hora.

Mas é o que falta e precisa acontecer sem muita demora, porque o tempo pode favorecer os criminosos.

Moraes foi promotor, conhece os ritos e os ritmos de uma investigação criminal e sabe que nesse caso o relógio da política anda mais rápido do que em qualquer outra área.

Anderson Torres está fora da cadeia, mas não está em liberdade. Sabe que pode deixar de ser delegado, que será abandonado e que tudo o que fizer, que contrarie os antigos chefes, será interpretado como afronta.

E Torres, que é policial, sabe também que os que desafiaram a ira de Bolsonaro e passaram a andar por aí, como se fossem arquivos ambulante, se deram mal.

É terrível a situação do delegado que deixa uma vaga a ser ocupada na cadeia por mais de um ex-colega de golpe.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Website Protected by Spam Master


5 + 2 =