OS BOLSONARISTAS SIMPLÓRIOS

Ouvi ontem o juiz Sergio Moro na GloboNews e hoje pela manhã ouvi no carro o Major Vitor Hugo, deputado do PSL de Goiás, que será o líder do governo na Câmara.

O que se conclui ouvindo esse pessoal é que Bolsonaro tem um núcleo de militares, um núcleo de fundamentalistas (nas religiões, na economia, na educação, nas relações externas) e um núcleo de simplórios.

Moro e pessoas como Vitor Hugo e muitos outros do primeiro, do segundo e do terceiro escalões do governo têm a mesma virtude em comum: são simplórios, demasiadamente simplórios. Poderosos, mas simplórios.

Moro construiu sua fama como chefe de uma vara especial de Curitiba que caçava petistas na Lava-Jato. Tinha tudo à sua disposição. Tinha a cumplicidade da direita, da imprensa, dos justiceiros. Esnobava até o Supremo.

Agora, como ministro, vai expondo suas fragilidades. É raso na reflexão das questões que irá enfrentar. É raso quando fala com fleuma na possibilidade de vir a ser ministro do Supremo.

Um ministro da Justiça ou da Polícia não poderia nunca admitir que almeja uma vaga no Supremo, estando há apenas duas semanas no cargo. Esse deveria ser um assunto proibido.

Moro não poderia dar corda para os jornalistas que o elegeram como preferido, na frente de outros candidatos da direita, porque caçou petistas e Lula. Mas ele se envaidece, mesmo sabendo que pode estar cavando a própria cova.

E o major? O major disse, entre outras coisas, que o brasileiro está muito preparado para usar armas. Tão preparado quanto os americanos. Que é preciso levar em conta que matam mais de 60 mil pessoas por ano no Brasil. O povo precisa se defender.

Mas o major foi mais longe. Disse, ainda falando da arma como defesa, que mais de 50 mil mulheres são estupradas no Brasil todos os anos.

Dois repórteres entrevistavam o major. Nenhum perguntou como uma arma pode significar possibilidade de defesa para mulheres espancadas, violentadas, assassinadas.
E o homem foi falando o que acha que deveria falar, com sua doce sinceridade de simplório.

Não ouvi a entrevista até o final. Quando parei o carro, ele estava dizendo que leva para a liderança do governo na Câmara sua experiência como agente da área de segurança do Congresso, porque nessa função se relacionava com todo mundo.

Moro, esse e outros simplórios são e serão ainda mais poderosos, o que não significa nenhuma contradição.

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