A MISÉRIA DEPOIS DO PLENO EMPREGO
A pandemia só acelera o mecanismo de expansão da miséria acionado pelo golpe de 2016. Todas as informações conduzem para um cenário que o Brasil jamais viu.
E as manchetes dos jornais em 2014 eram nessa linha: o Brasil atingiu o pleno emprego e não sabe o que fazer com isso.
Me lembro da conversa de duas moças de uma empresa terceirizada, que limpavam o fumódromo de Zero Hora.
Arrastavam cadeiras e cinzeiros pela sala da fumaça, quando uma disse a outra:
– Nós aqui fazendo limpeza, e as fábricas pegando gente nas ruas. Dobra o salário da gente.
– Vamos embora então.
Nunca mais via as moças. As fábricas atacavam gente nas ruas. O Brasil vivia um dilema inédito: o que fazer com o pleno emprego, que preocupava os empresários?
Diziam que o pleno emprego, com taxa de desocupação abaixo de 4%, causaria inflação, que desajustava a economia com um fenômeno novo, inchava salários.
Tudo era superfaturado, de um copo de suco ao preço do televisor. A fartura incomodava tanto que ali começou a ser articulado o golpe de 2016.
O cenário hoje é da classe média empobrecendo e pobres virando miseráveis. E a Folha ainda informa que Onyx Lorenzini segura o dinheiro do auxílio de emergência.
Eu queria poder encontrar aquelas duas moças.
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O QUE VEM AÍ
O Rio Grande do Sul tem hoje em torno de 50 novos casos de Covid-19 por dia.
Uma projeção feita com ferramenta criada por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com a Folha, com dados oficiais, é assustadora. Seriam 1.500 casos no pico, no meio de julho.
Em um mês, contando a partir de agora, os casos se multiplicariam por 10, chegando a mais de 400 por dia.
No Brasil, mantida a tendência atual, serão 40 mil infecções diárias a partir da primeira semana de junho. Hoje são 5 mil.
Não haverá UTI para todos. Nem aqui nem em lugar algum do Brasil.
E o que acontecerá com Bolsonaro nesse cenário? Talvez não aconteça nada.
(Abaixo, o link para o simulador)
https://labdec.nescon.medicina.ufmg.br/destaque/previsao-de-disponibilidade-de-leitos-nos-estados-brasileiros-e-distrito-federal-em-funcao-da-pandemia-covid-19/?fbclid=IwAR0q6zfuPRAroJu2XsOZf9fS4ZLBXRQ0TvImx72it4FCtISaD4sIFIYWtI0
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O CORONEL ABANDONADO
O tucano Arthur Virgílio, prefeito de Manaus, um dos líderes da direita que pedia a renúncia de Lula no mensalão e golpista de 2016, foi abandonado por Bolsonaro.
Agora, não tem nem covas para enterrar os mortos e pede ajuda a Greta Thunberg para, diz ele, “salvar a vida dos protetores da floresta”.
É muita cara pau de um legítimo coronel da direita que nunca fez nada para salvar a Amazônia.