A DIREITA TEM OS LAVAJATISTAS, E AS ESQUERDAS TÊM O QUÊ?

Anunciam que mais um lavajatista deve concorrer a deputado federal em 2022. É o procurador Diogo Castor, da turma de Curitiba, expulso do Ministério Público por ter mandado fazer um outdoor de exaltação da própria Lava-Jato.

As redes sociais, sites e blogs de esquerda falam com certa indignação da tentativa dos justiceiros de conquistar cargos na política que eles tanto desqualificaram.

Mas não é esse o problema. Sergio Moro pode querer ser presidente e Deltan Dallagnol pode desejar uma cadeira na Câmara dos Deputados, mesmo que sempre dissessem que morreriam dedicados à missão de atuar pela justiça (no caso, a que favorecia só a direita).

Mas o problema não é esse. A grande questão posta para as esquerdas é uma dúvida incômoda. As esquerdas têm como apresentar contrapontos à altura dessas figuras da direita e da extrema direita dissimulada?

Com os lavajatistas, a direita tenta buscar novos nomes que ampliem bancadas e ao mesmo tempo tragam renovação. E as esquerdas? As esquerdas sabem que não têm essa vitalidade renovadora da direita.

O mais razoável seria se as esquerdas parassem de lamentar a entrada da turma de Moro na política e fortalecessem nomes que lutaram contra o lavajatismo.

Sabemos que é complicado. É mais fácil um Dallagnol ser absorvido por um partido de direita do que uma cara nova ser assimilada por um partido de esquerda.

Tem sido assim nas últimas eleições, como mostram as estatísticas. Nas eleições para o Congresso e Assembleias Legislativas, a direita se renova e se fortalece, e as esquerdas perdem representação.

Se as esquerdas agirem, parando de só reclamar dos lavajatistas que pretendem fazer política, as coisas podem melhorar.

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ALCKMIN
É bom o debate sobre a possibilidade de Alckmin ser o vice de Lula. A hipótese, que tem o apoio de gente importante do PT, servirá para calibrar o tom da caminhada até a campanha.

Mesmo que Alckmin seja descartado, está aberta a discussão em torno de um tabu pós-golpe de 2016 no partido, que é a aproximação com uma centro-direita que está mesmo mais próxima do centro do que da extrema direita.

Mas que ajudou a derrubar Dilma.

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O TRUQUE DAS PESQUISAS
Quem decifra essa nota tucana de Lauro Jardim, domingo no Globo? Eis a nota, com uma conversinha típica do mercado financeiro:

“Em conversas privadas, Guilherme Benchimol, o dono da XP, tem feito a previsão de que o Brasil não elegerá um candidato de esquerda à Presidência em 2022.

Ao menos é o que sugerem as pesquisas de vários institutos que a XP tem encomendado”.

O que o colunista do Globo quer dizer? Ele insinua o que já era sabido que seria usado como truque da direita.

Esse é o truque: as pesquisas arrancam com Lula quase vencendo no primeiro turno, mas começam depois a indicar queda da performance do petista.

Abaixo, o título de uma das pesquisas encomendadas pela XP e divulgada há poucos dias:

“Lula lidera disputa presidencial, mas para de crescer, mostra pesquisa XP/Ipespe”

Podem se preparar para as próximas manchetes, que vão aprofundar essa abordagem, com informações sobre a queda de Lula em relação às pesquisas de meses atrás.

Esquentam as pesquisas com Lula batendo no teto, para poder depois dar a cacetada da perda de força.

Se Lula, segundo a XP, já teria chegado ao seu limite, agora o que importa para o mercado financeiro é alardear a sua queda.

Se a XP entendesse mesmo de previsões, teria remunerado melhor as aplicações de quem apostou nas suas sabedorias.

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