OS SERVIDORES NA ZONA DE CONFORTO DO BOLSONARISMO

Pedalaram as portas de Ciro e Cid Gomes e fica por isso mesmo? Ninguém na Polícia Federal pode ir além da vergonha e da indignação com outra ação muito mais arbitrária do que espetaculosa da PF?

Policiais e servidores deveriam prestar atenção no significado do que fizeram os educadores constrangidos, oprimidos e violentados pelo aparelhamento do setor público.

Os educadores pegaram as mochilas e saltaram fora de cargos de chefia, coordenação e consultoria no governo.

Aconteceu no Inep, que faz o Enem, e se repetiu na Capes, que cuida do aperfeiçoamento no ensino superior. É gente que prefere perder funções importantes educação, além de salário, a perder a saúde e a alma.

Já havia acontecido com servidores do Ibama em cargos de comando, que se sentiam usados no esquema de porteira arrombada pela boiada e pelos garimpeiros e grileiros de Ricardo Salles.

Já aconteceu debandada na área mais sensível de qualquer governo, quando os comandantes das três armas pediram para ir embora junto com o ministro da Defesa.

Civis e militares são servidores públicos. Pedir para sair de um posto de chefia é da natureza do trabalho de quem um dia foi chamado a entrar. Mas desta vez é pior, é a fuga de um ambiente dominado por métodos fascistas.

No governo Bolsonaro, a sensação generalizada que os servidores transmitem é a de desconforto com o sequestro das instituições de Estado. A família se adonou do setor público.

Foi o que forçou a saída dos chefes militares e depois a debandada dos educadores, cada um com suas motivações complementares específicas.

São as sequelas da opressão autoritária, em suas muitas manifestações, que fazem com que os servidores decidam saltar fora. Constrangimentos sofridos com assédio descarado da família.

Nesse ambiente de insegurança e de vergonha, que não poupa nem os militares legalistas, é de se perguntar se os servidores desconfortáveis na Polícia Federal continuarão ocupando cargos de chefia.

Continuarão onde estão, mesmo com os indícios de que Bolsonaro tenta usar a PF para proteger os amigos e os filhos, conforme suspeitas que levaram ao processo que corre no Supremo a partir de acusação de Sergio Moro?

Vão continuar, mesmo com as evidências de que a corporação ainda tem uma porção lavajatista, como se denunciou agora com a pedalada nas portas das casas dos irmãos Cid e Ciro Gomes?

É possível que a acusação de uso político da PF, que não é de hoje, não cause desconforto capaz de fazer com que servidores deixem cargos de confiança.

O bolsonarismo perece deter mesmo a hegemonia absoluta dos comandos e o controle de áreas decisivas para o funcionamento da Polícia Federal.

A confiança em Bolsonaro é maior do que a desconfiança em relação aos estragos causados pelo aparelhamento de órgãos diversos, e não só da PF?

Podem dizer, e muitos já disseram, que a PF agiu a mando de um juiz federal. Mas foi a PF que municiou o juiz. E foi a PF que usou 80 policiais para cumprir as ordens de busca e apreensão.

Ciro Gomes reagiu e disse que “Bolsonaro transformou o Brasil num estado policial”. Talvez ainda não. Mas é o que ele pretende, com certeza.

Bolsonaro almeja ser o comandante supremo de todas as polícias e milícias. Pesquisas mostram que o sujeito só não tem o apoio que espera ter nas polícias civis, porque – segundo os próprios policiais – o nível de discernimento é mais alto.

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VEM MAIS
Se pegaram Ciro Gomes, podem pegar mais gente. Falta muito para a campanha chegar à guerra pra valer.
Mas vão pegar um dia aqueles 81 incluídos na lista de indiciamentos da CPI do Genocídio?

Pegarão um dia os generais, os coronéis, o véio da Havan, os filhos de Bolsonaro, os vendedores de cloroquina e os traficantes de vacina da lista da CPI?

Pegarão a Carla Zambelli, o Ricardo Barros? Pegarão os donos da Prevent, que transformaram hospitais em masmorras de experimentos com a cloroquina?

Pegar Ciro Gomes agora, pouco antes do início da campanha, por casos de 2010 a 2013, é quase uma barbada.

Quero ver pegarem o próprio Bolsonaro. Pegarão um dia Sergio Moro e Deltan Dallagnol, antes que os dois tenham a imunidade de um mandato?

Pegarão os chefes das mutretas das emendas secretas de Arthur Lira na Câmara? Quem pega os que mandaram matar Marielle?

2 thoughts on “OS SERVIDORES NA ZONA DE CONFORTO DO BOLSONARISMO

  1. Com mais de 370 dias até 2023, sobra tempo para mais destruição social, econômica, ambiental etc. Não consigo imaginar a quantidade de MPs que este desgoverno vai publicar até lá, principalmente em seu moribundo ocaso. Pobre país.

  2. O problema é que se os bons funcionários saem por não concordar com as táticas fascistas, entram fascistas no lugar deles, e cada vez mais ele terá um domínio maior daquele orgão. É o aparelhamento total do estado pelos Bolsonaros. Quando os bons se omitem ou calam, os maus ocupam seus lugares e cada vez fica mais difícil de ser revertido..

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