AS PANELAS DE CADA UM

Escrevi ontem aqui que os panelaços intermitentes, sem vigor, sem nada que assegure sua efetividade, são insuficientes e enganosos como forma de protesto.

Eu não disse, nem poderia dizer, que não batam panelas. Mas alguns acharam que eu disse. O que deveria ter dito é que tenho até inveja de quem continua batendo.

Mas os panelaços têm algum sentido para moradores de prédios e regiões com alguma ressonância antibolsonarista e antifascista. No resto, só assustam os sabiás.

Não é porque alguém bate panelas hoje, em locais sem nenhuma parceria, que a vizinhança começará a bater amanhã. Se não bateram até agora, está explicado: estão resignados ou são bolsonaristas ou velhos tucanos melancólicos, ou não são nada mesmo.

Já ouvi gente dizendo: vamos bater panelas porque agora não dá pra sair pra rua. É uma desculpa feia. Não foram pra rua desde o golpe de 2016. Foram poucas vezes e com pouca gente.

Torço para que as regiões de bateção forte tenham mais aliados. E torço para que as regiões sem adesão finalmente consigam bater uma caçarola pelo menos. Mas eu estou fora.

É triste, mas também é assim que a resistência avança, muitas vezes tendo de recuar. Não há sentido em bater panelas num dia e voltar a bater daqui a uma semana. Isso é a prova do vacilo que vem sendo arrastado desde agosto de 2016.

No Chile, onde as manifestações eram quase diárias desde outubro, e só foram paradas pela pandemia, anunciam que, passada a peste, os jovens voltam às ruas e derrubam Piñera.

O país estará ainda mais pobre e a militância voltará com força represada. Aqui, se Bolsonaro não for derrubado durante o período de pandemia, nunca mais.

Se Bolsonaro sobreviver a todos os efeitos da peste, poderá até aumentar a aprovação dos imexíveis 33%. Se Bolsonaro não cair agora, guardem as panelas.

Só o improvável poderá derrubar Bolsonaro. Mas o improvável é o que aciona as faíscas na política.

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A manhã pela manhã só uma informação me interessa. O movimento de carros em direção à praia e à Serra. Dependendo das imagens, teremos os atestados da alienação total.

Não haverá remédio milagroso para salvar todo mundo

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A briga de Bolsonaro com Mandetta já deu o que tinha que dar. O embate agora é de Bolsonaro com Doria Júnior.

Doria pensa em mandar prender quem andar nas ruas de São Paulo. Bolsonaro poderia caminhar pela Paulista com as mãos nos bolsos no domingo de Páscoa.

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Ciro Gomes ataca Lula, Doria, Bolsonaro, Mandetta e Guedes. Ciro estaria participando de algum experimento com remédio novo?

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