LISTAS, DOSSIÊS E SEGREDOS DE SERGIO MORO E DALLAGNOL
Quem não estiver no dossiê dos 579 antifascistas, criado pela Seopi, a Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça, pode estar na lista de Deltan Dallagnol, essa com mais de 38 mil nomes guardados nos arquivos do lavajatismo em Curitiba.
A Lava-Jato e os arapongas de Bolsonaro dedicam-se às listas com nomes de quem acham que deva ser mantido sob vigilância, como fazem nos regimes autoritários.
A Seopi é o órgão federal que deveria dar suporte a investigações policiais, sempre com aval do Judiciário, mas que Sergio Moro transformou em um dos birôs da “inteligência” do governo.
E sabe-se agora que a Seopi atua na verdade como polícia política de Bolsonaro. Saiu da Seopi o dossiê com 579 nomes de servidores públicos federais e estaduais considerados perigosos militantes do antifascismo, conforme denúncia do jornalista Rubens Valente, do UOL. Todos os listados são da área de segurança.
A Seopi virou o que é, fazendo arapongagem, no início da gestão de Sergio Moro, por decreto de Bolsonaro. E a Lava-Jato em Curitiba é o que é porque seu chefe foi Sergio Moro.
O formalismo diz que Deltan Dallagnol chefiou (e ainda diz chefiar) a força-tarefa do Ministério Público e que Moro era o juiz da vara especial encarregada de levar adiante os processos em primeira instância.
Dallagnol era ou deveria ser subordinado à Procuradoria-Geral da República. Mas se descobre agora, por informações do procurador-geral Augusto Aras, que Dallagnol não se subordinava ao comando do MP, agia com autonomia e mantinha uma “caixa de segredos”.
Confirma-se a suspeita de que o verdadeiro chefe de Dallagnol durante cinco anos, sem formalismos, mas chefe de fato, era Moro, como já mostravam as gravações vazadas para o Intercept no ano passado. Dallagnol se submetia a orientações e ordens de Moro.
Na caixa de segredos citada por Aras está o cadastro com 38 mil nomes encontrado por emissários da PGR que foram de Brasília a Curitiba para abrir gavetas. A pergunta de Aras é: por que e como esses nomes foram parar na Lava-Jato?
O que Moro e Dallagnol sabem da vida de 38 mil pessoas, mesmo que não tenham lidado detalhadamente com todos esses nomes?
As acusações de Aras são contra Dallagnol e seu time, mas Moro saiu em defesa do MP, como se assumisse a condição de ex-chefe do pessoal do Ministério Público.
O ex-juiz escreveu no Twitter: “Desconheço segredos ilícitos no âmbito da Lava Jato”.
Moro se atrapalhou. Aras não fala de segredos ilícitos, mas de caixa de segredos. O chefe da Lava-Jato dá a entender que pode ter segredos, mas apenas lícitos. Compartilhados com Dallagnol?
Um deles, do qual ninguém mais fala, pode ser o da criação da fundação misteriosa com R$ 2,5 bilhões da Petrobras.
A Lava-Jato era uma república à parte dentro de Curitiba, com poderes, autonomia e mordomias que nenhuma outra estrutura do MP e do Judiciário teve no Brasil.
Está na hora de saber, entre tantas coisas, os segredos lícitos ou ilícitos guardados por Moro e Dallagnol.