Moro está cansado

Ninguém é de ferro, nem o juiz de ouro do Brasil. No início do ano, parecia ser fácil prender Lula e encaminhar o desfecho da Lava-Jato, talvez até sem a necessidade de prender nenhum tucano.
A coisa se complicou em março com a repercussão negativa da “condução coercitiva” de Lula a um aeroporto (essa história do aeroporto foi contada só pela metade).
Hoje, o juiz Sergio Moro já não leva em conta a expectativa de que o caso seria encerrado na Justiça ao final de 2016.
Hoje, na comissão da Câmara que analisa propostas de medidas anticorrupção, ele se saiu com essa, quando perguntaram se mantinha a esperança de encerrar tudo até o fim do ano:
– É impossível fazer um prognóstico. Isso foi um comentário que eu fiz. É mais um desejo, porque eu confesso que estou um pouco cansado, o trabalho tem sido desgastante.
Se Moro está cansado, o que sobra para os que esperam que um dia o Judiciário (não precisa ser ele) pegue um tucano. Isso mesmo, um tucano. Falta um tucano corrupto preso.
Mas um graúdo, porque daqui a pouco eles pegarão um tucaninho, pra dar a entender que também pegam corrupto que voa.
Moro é que está cansando todo mundo. O juiz especialista em prender preventivamente, por tempo indeterminado, para forçar a delação e soltar, não pode dizer que está exausto.
Nada é mais descansante do que a tática de Sergio Moro. É fácil demais. Prende e espera por meses que o corrupto se degrade moralmente e passe a delatar.
Quem vira delator, nas mãos de Sergio Moro, é candidato a desfrutar de boa vida. E outros que vierem depois delatarão muitos outros, até que todos sejam criminosos-delatores e fiquem soltos.
Só ficarão presos os que suportarem a tática medieval da prisão interminável na cadeia de Curitiba.
Quando o juiz Moro estiver bem descansado, todos os que foram mandados para casa, depois de dedurarem os parceiros, poderiam fazer um Congresso Nacional de Delatores.
Ninguém está mais relaxado do que corrupto que passa por Curitiba e sai de lá como delator sem pena a cumprir. Um juiz de primeira instância consagrou o novo jeito de fazer justiça no Brasil. No sétimo dia, cansou.

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