O QUE VÃO FAZER COM PAZUELLO? PASSAR A MÃO NA CARECA

Uma advertência pode ser a punição mais provável e a menos arriscada politicamente, para que Eduardo Pazuello não saia totalmente impune do que fez domingo no Rio. É o que assessores e pessoas próximas aos militares e a Bolsonaro mandaram espalhar pela imprensa.

O chefe do Exército, a quem cabe deliberar sobre a indisciplina, pode dizer apenas que Pazuello fica proibido de participar de novas aglomerações com motoqueiros e similares.

Pazuello sofrerá uma sanção disciplinar, com alguma pena branda, e as coisas irão se acomodando, porque a direita civil e militar tem um ambiente viciado que a favorece.

Nesse ambiente, outra controvérsia pode atenuar, daqui a pouco, o efeito do caso Pazuello. Punem o general intendente de forma protocolar, acompanham de longe o debate que acontecerá a seguir e ficam à espera do próximo problemão causado por Bolsonaro.

As explicações de Pazuello, por escrito, devem ter sido entregues nesta quinta-feira, quando venceu o prazo para que ele dissesse o que foi fazer no Rio.

Ninguém, além do comando militar, do entorno no poder fardado e de Bolsonaro, ficará sabendo de detalhes das explicações, a não ser que alguém vaze a carta do general ao chefe do Exército, se for interessante vazar.

O que circulou ontem é que Pazuello teria argumentado o seguinte. A festa no Rio não era um evento político-partidário, porque Bolsonaro nem partido tem, mas apenas uma demonstração de apreço pelo ex-chefe dele.

O vice-presidente Hamilton Mourão repetiu na quinta que Pazuello precisa ser punido. “A regra tem que ser aplicada para evitar que a anarquia se instaure dentro das Forças”, diz Mourão.

Só há uma esperança hoje para quem, antes de ser de esquerda, é democrata, diante do que pode acontecer com Pazuello. E esta é a esperança: a degradação irreversível das relações de Bolsonaro com as Forças Armadas.

É preciso apostar que Bolsonaro pode ter provocado os militares ao que seria o limite, e que a partir daqui tudo pode acontecer contra ele.

Precisamos acreditar, para ter esperança, que a tolerância dos comandantes pode ter se exaurido. Para que defendam a instituição e o país, e não a família Bolsonaro.

Mas aí, dirão alguns, Bolsonaro põe a turma nos eixos de novo, como fez quando demitiu todos os comandantes e o ministro da Defesa por não toparem seguir adiante como cúmplices das ameaças de golpe.

Mas será que Bolsonaro promoveria, em apenas dois meses, uma nova agressão aos comandos? É difícil e talvez nem seja preciso mesmo.

Está tudo encaminhado para que nada de mais grave aconteça. Em nome dessa cautela, os militares apenas advertem e dão uma passada de mão na careca de Pazuello e Bolsonaro não se indispõe de novo com os fardados.

Não tem punição e, em troca, também não tem ameaça do tipo “o meu Exército”, pelo menos por alguns dias. Até Sara Winter deve estar às gargalhadas.

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