OS ARREPENDIDOS, MAS NEM TANTO
Renato Janine Ribeiro tem insistido que é a hora de tentar entender e puxar pra perto quem votou em Bolsonaro e pode estar arrependido e à espera de uma boa conversa.
É um desafio e tanto, e cada um tem a sua ideia, algumas esdrúxulas. A Folha trouxe no sábado um texto muito interessante da Camila Rocha, cientista política e pesquisadora do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), e da Esther Solano, socióloga e professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Elas conversaram, entre os dias 9 e 18 de maio, com 27 eleitores de Bolsonaro das classes C e D da região metropolitana de São Paulo.
Tentaram investigar o que pensa hoje o bolsonarista classificado como popular e moderado. O resultado não parece muito alentador.
Se desse para fazer um resumo, seria esse: Bolsonaro ainda se mantém como opção, porque preserva parte da imagem de que combate o sistema e a corrupção; os problemas com rolos são dos filhos, não são dele; Bolsonaro é estourado, mas ainda enfrenta tudo que está aí e mais a imprensa; ele foi traído por Sergio Moro; Bolsonaro debocha dos mortos da pandemia, mas a culpa pelo grande número de mortos é dos governadores e dos prefeitos.
Arrependidos mesmo, sem volta, parecem poucos. Tem desalento, desorientação e desinformação, tudo misturado.
O sentimento, ao final do texto, é de que será uma conversa complicada, até porque nem se sabe direito se a classe média ainda consegue sentar e dialogar com os mais pobres citados na pesquisa (na eleição de 2018 não conseguiu).
Mas é claro que o Janine deve continuar incentivando, ou iremos sucumbir até ao bolsonarismo dito moderado.
É sempre ruim colocar o link do texto do jornal, porque o bloqueio para não-assinantes é frustrante. Mas aí está, logo abaixo: