PELA MEMÓRIA DE RENAN ANTUNES DE OLIVEIRA

Enfrento nessa segunda-feira em Porto Alegre, na condição de réu, o segundo dos três processos movidos contra mim por Luciano Hang, o autoproclamado véio da Havan.

O primeiro já foi julgado em maio, em primeira instância, em São Paulo. Eu e o DCM fomos absolvidos da acusação de que teríamos caluniado o sujeito.

Esta segunda ação é uma queixa-crime por causa de um artigo de agosto do ano passado em que faço uma sugestão: ele, que tanto manda seus críticos morarem em Cuba, que abra uma loja em Cabul.

O texto motivou dois processos contra mim, em Porto Alegre e em Brusque, esse na área cível. Em Brusque, como já mostrou o UOL, ele vence todas as ações.

O DCM também foi réu, por outro texto, apenas no primeiro processo. A juíza Monica Lima Pereira, da 2ª Vara Cível do Foro do Butantã, de São Paulo, nos absolveu, em 18 de maio. Vencemos, em nome da liberdade de expressão de quem faz jornalismo em busca da verdade.

Vou defender o direito de continuar fazendo jornalismo na integralidade, diante do poder econômico de quem se define como “ativista político” e está alinhado publicamente a um governo de extrema direita.

Promotores, juízes e a torcida do Flamengo sabem que esse empresário e os jornalistas estão, pela mais ululante obviedade, em lados opostos.

Ele enfrenta inquérito no Supremo como um dos investigados por suspeita de envolvimento com disseminadores de fake news e difamações e de ataques ao próprio Supremo.

Seu nome constou do relatório da CPI da Covid, como investigado, ao lado de outros 79 com pedidos de indiciamentos, também por envolvimento com fake news.

São dois inquéritos com vários envolvidos em produção, patrocínio e divulgação de inverdades. Inverdade é apenas o eufemismo para mentira e difamação.

Pois aproveito e informo a promotores e juízes que eu nunca fui investigado ou punido por fake news. Nunca fui condenado por crime algum.

Nem suspenso, bloqueado ou cancelado por gestores de redes sociais por ter divulgado desinformação e mentiras sobre cloroquina e vacina contra a Covid.

Tenho, entre outras, duas distinções que me orgulham. Uma é o troféu O Gaúcho, que recebi do Tribunal de Contas do Estado em 2014.

Está escrito no troféu: “Em face de sua trajetória profissional de excelência na defesa do interesse público e dos valores republicanos”.

A outra distinção foi concedida pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), por textos que produzi, editei e publiquei em caderno especial, em 2006, em Zero Hora.

É o III Prêmio de Jornalismo da AMB/Regional Sul, que compartilhei com Ana Maria Benedetti (diagramadora), Adriana Franciosi (fotógrafa) e Rodrigo Cavalheiro (repórter).

Foi um dos trabalhos que mais me desafiaram, pela maratona de entrevistas com desembargadores do Tribunal de Justiça, de todas as áreas, e pela exigência com a precisão e a objetividade.

Foi o reconhecimento da entidade máxima dos juízes brasileiros pela contribuição à divulgação de informações que facilitam a compreensão do trabalho da Justiça e o acesso ao Judiciário por todos os cidadãos. E não só pelos poderosos.

Espero não ser interditado como jornalista, porque pretendo continuar trabalhando e honrando esses dois reconhecimentos, que muito me orgulham.

Estarei nessa segunda-feira diante do empresário que se apresenta em vídeos ameaçadores, como num dirigido a Felipe Neto, como o véio da Havan, o homem que alerta que “o furo é mais embaixo”.

O resumo é esse. O único que pode sair da audiência como condenado e criminoso sou eu.

Exatamente no ano em que completo meio século de jornalismo e quando integro a Comissão de Liberdade de Imprensa da Associação Brasileira de Imprensa.

Espero que o jornalismo seja protegido pela Justiça, em todas as ações semelhantes, dos ataques dos que acham que podem tudo por serem ricos e bolsonaristas. E que a liberdade de imprensa e a verdade sejam vitoriosas.

Torçam pelas liberdades, pelo jornalismo, pelo interesse público e pela verdade que não se dobram aos poderosos do momento.

Participarei dessa audiência de cabeça erguida, pela memória do jornalista Renan Antunes de Oliveira (foto) e dos que nunca se entregaram.

4 thoughts on “PELA MEMÓRIA DE RENAN ANTUNES DE OLIVEIRA

  1. Certamente, todos os que defendem o jornalismo verdadeiro e a liberdade de expressão, com os devidos respeito e ética, estão com você neste momento, torcendo para que você saia vitorioso DESTe e de todos os ataques fascistas e DIABÓLICOs que têm sido feitos no nosso PAÍS e pelo mundo afora também, nesses últimos anos.
    Boa SORTE e força!

  2. Torcemos Pela justiça, honra e liberdade, e para que seu trabalho como jornalista seja reconhecido e respeitado.
    Gratidão pela sua lucidez e coragem.
    Um forte abraço.

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