UM TIRO PODE SER A BOMBA ATÔMICA DO FASCISMO NA ELEIÇÃO

A guerra da apuração paralela, com ou sem novas concessões do TSE, é na aparência a tática mais sofisticada de Bolsonaro e dos militares para esculhambar com a eleição. 

Envolve o Comando de Defesa Cibernética do Exército, pessoal com conhecimentos técnicos que poucos têm e mais o duelo de abordagens sobre tecnologias e possíveis vulnerabilidades do sistema eleitoral, da votação à apuração.

Mas há um recurso tático singelo que pode ser acionado por qualquer um com uma arma. Um recurso imprevisível na execução e nos seus impactos. 

Um tiro dentro ou fora de uma seção, com alguma consequência grave, pode paralisar a eleição. Um tiro, um só, que espalhe terror, afugentaria os eleitores das urnas. 

Um tiro em uma seção do Nordeste, onde a extrema direita precisa de um fato devastador, espalharia estilhaços pelo Brasil todo.

É uma hipótese absurda? Pergunte aos mesários, já ouvidos em pesquisas, e eles dirão de novo que não, que não é um cenário improvável. Eles temem violência e atentados no dia da eleição. 

O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, já conversou com os comandos das PMs, para que estejam comprometidos com a segurança e o controle das tropas.

Mas não há PMs equipados, atentos, republicanos e legalistas para vigiar todas as 496 mil seções eleitorais. 

Não há como fazer cumprir integralmente a determinação do TSE para que ninguém se aproxime armado de uma seção. Nem nos Jardins paulistanos, nem no Crato cearense. 

Um tiro, que inspire outros tiros, mesmo que virtuais, transformaria as redes sociais num faroeste.

A apuração paralela, sendo ou não em tempo real, é apenas o complemento. Situações violentas que levem insegurança às seções, combinadas com a tensão de uma contagem de votos do Exército, fariam um estrago irreversível.

Uma apuração paralela à moda das Organizações Tabajara pode até produzir informação verdadeira, mas também pode fomentar fake news e confusão, no primeiro ou no segundo turno.

Os japoneses não conseguiram evitar a morte da sua figura política mais importante do século num atentado considerado improvável. Shinzo Abe foi morto por um tiro de uma garrucha caseira.

Um tiro político hoje, em qualquer lugar, contra qualquer um, em Tóquio, em Foz do Iguaçu ou no agreste brasileiro, é uma possibilidade tão real quanto uma liquidação de fuzis, como a feita pela Taurus há alguns dias.

A violência é o recurso à mão da extrema direita armamentista. Um tiro, apenas um, pode ser a bomba atômica do fascismo. A controvérsia da apuração paralela é o despiste de ações que podem levar ao caos.

O Brasil que não gosta de responder perguntas incômodas talvez esteja fugindo dessa que é hoje a mais terrível interrogação de uma democracia que cai aos pedaços.

Estamos preparados para reagir ao que pode acontecer, com ou sem segundo turno, a partir de agora?

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