NÃO HÁ TRINCHEIRA NEM ARMAS PARA TODOS NA GUERRA DA EXTREMA DIREITA

Há réplicas de Kataguiris e de Mamães Falamos em toda parte. Se os originais do núcleo paulista estão avariados, as cópias das periferias poderão se salvar na eleição deste ano?

É uma dúvida que não significa pouco, considerando-se, além desses dois, os similares da extrema direita sem ligações com o MBL, que têm ou tiveram protagonismo desde 2018.

Vislumbra-se, às vezes como torcida, que esse pessoal não terá a mesma performance de 2018, incluindo aí a turma do antigo PSL e de partidos satélites bolsonaristas.

Janaína Paschoal, eleita deputada estadual com 2.031.829 votos, vai se arriscar a ser senadora? É outra eleição, é uma briga majoritária.

É provável que Eduardo Bolsonaro tenha menos do que 1.814.443 votos para a Câmara. Mas se reelege com facilidade. Helio Lopes (PSL) teve 345.234 votos para deputado federal. Volta, com pouco menos, mas volta.

Esses se garantem. Mas e os outros nomes da extrema direita sem a grife de um Dudu ou de Kataguiri? E o deputado Carteiro Reaça? E o Delegado Valdir?

Que estragos farão nesse eleitorado a exaltada defesa das liberdades para o nazismo, a ostentação de macho de Mamãe Falei, a inoperância parlamentar e o cansaço com o fascismo?

O eleitor de classe média vai relevar a chinelagem e a vagabundagem da extrema direita?

O PSL, que elegeu 52 deputados federais, vai para a eleição diluído no União Brasil. Não há, sem o PSL de 2018 como trincheira de Bolsonaro, e com o MBL alquebrado, grandes redutos bem definidos na extrema direita.

Essa direita extremada, com boa parte de ex-bolsonaristas, agora misturada ao centro que é direita, pode cair na real este ano e acomodar-se no espaço que lhe cabe no latifúndio da irracionalidade brasileira.

Nesse cenário ruim, facções bolsonaristas submeterão novos nomes a testes, numa eleição de alto risco e sem quase nada do que foi a que elegeu Bolsonaro como gambiarra.

Estariam prontos para buscar mandatos e imunidades algumas das expressões definitivas da extrema direita, com as suas mais variadas faces.

Damares Alves, Eduardo Pazuello, Ricardo Salles, Marcos Pontes, Fabrício Queiroz, Nise Yamaguchi, Luciano Hang, Abraham Weintraub podem dar o salto mortal em uma eleição de alto risco.

Não há rede de proteção para todos, até porque em 2020 o fenômeno do bolsonarismo espraiado não se repetiu. Ao contrário, foi um grande fracasso.

Se Bolsonaro for derrotado e se a maioria desse pessoal não se eleger, teremos um quadro de desolação e desamparo.

Muitos dos pretendentes à proteção do foro privilegiado têm problemas sérios a resolver. Estão em inquéritos e processos trancados em gavetas pelo acovardamento dos que temem Bolsonaro e seus protetores e protegidos. Há crimes graves sem resolução.

As gavetas serão reabertas pelas circunstâncias provocadas pela derrota, se Bolsonaro for devolvido ao submundo da política, como um tenente sem proteção nenhuma, sem o centrão, sem o mercado e sem os militares.

A extrema direita, e não só a de Kataguiri e de Mamãe Falei, do MBL esfacelado e do Podemos de Sergio Moro, além do bolsonarismo, enfrentará em 2022 o drama que PT e as esquerdas enfrentaram em 2018. O eleitorado vai encolher e talvez encolha muito.

Não haverá mais, nas eleições parlamentares, a mesma base eleitoral de sustentação de marcas e de genéricos de 2018, com ou sem uma boa performance de Bolsonaro. A guerra da extrema direita já não terá tantas armas.

Não haverá eleitores para a demanda desesperada por imunidade. E, sem o controle do poder, não haverá, como há hoje, um sistema de Justiça sempre à disposição dos encrencados. Teremos em 2023 um Deus-nos-acuda.

2 thoughts on “NÃO HÁ TRINCHEIRA NEM ARMAS PARA TODOS NA GUERRA DA EXTREMA DIREITA

  1. Alguns não devem se reeleger. Mas a maioria irá, com menos votos, mas se reelegerá. Os que tentarem cargos majoritários terão grandes dificuldades.

    O fato que boa parte do eleitorado deles é tão escroto quanto eles.

    Perderão votos, mas a maioria terá a sua cadeira renovada. Se o tal de Mamae falei não for cassado, será reeleito,com menos votos, mas será.

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