Folha esconde manchete desfavorável a Bolsonaro
A Folha estampou domingo e segunda manchetes com formulações enviesadas contra Lula com base em pesquisas do Datafolha.
Agora, o Datafolha informa que 51% dos brasileiros desejam que Bolsonaro seja condenado e tornado inelegível pelo TSE.
O que a Folha faz? Esconde a notícia da pesquisa como chamada secundária.
E dá de manchete na versão online uma especulação sobre a preocupação de Lula em se blindar diante de possíveis casos de corrupção na relação com o Congresso.
A Folha se antecipa ao que acha que poderá existir, como preocupação de Lula, e camufla a pesquisa sobre o fim de Bolsonaro.
A manchete teve duas versões. A que está desde as 10h na capa é esta:
Lula cria regra para empurrar ao Congresso suspeitas de corrupção com verba federal turbinada
O interessante é que o Estadão tem manchete na mesma linha, mas sem destacar a ameaça de corrupção:
Lula se blinda de negociação no varejo para evitar desgastes com Centrão
O bolsonarismo tardio da Folha é o fato mais patético do jornalismo nos últimos anos.
É um bolsonarismo declarado, juramentado e constrangedor, uma adesão cínica à turma da extrema direita que ainda se agarra ao ex-acampado de Orlando.
A Folha esconde a notícia sobre a complicada situação de Anderson Torres, agora como suspeita de mandante do esquema de boicote aos eleitores de Lula na Bahia.
E esconde também a notícia sobre o depoimento de Bolsonaro amanhã à PF sobre o caso das joias das arábias.
A Folha está tentando salvar Bolsonaro.
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SEM PREJUÍZO E SEM FÁBRICAS
Da série Grandes deboches do capitalismo. Vejam essa manchete que ficou durante horas ontem à noite na capa do Estadão online agora:
“A Ford perdia dinheiro no Brasil e agora está no azul”, diz Rogelio Golfarb
Para vice-presidente da Ford na América do Sul, o país tem muita lição de casa para fazer quando o assunto é carro elétrico.
Essa manchete só tem um problema. A Ford não tem mais fábrica no Brasil. Mas está no azul.
Está no azul porque não fabrica mais nada.
Mas qual o espanto? É o mesmo que se espantar com a Jovem Pan escondendo números desfavoráveis ao Bolsonaro.
A Folha não é e nunca foi progressista. Nas Diretas, era uma questão de entrar na modinha e ser contra a ditadura, pois é gostoso e seguro chutar cachorro morto, sobretudo quando o cachorro é fascista (na época, o fascismo estava fora de moda).
Foram 16 anos batendo sem parar no PT. Foram 3 anos dando sustentação ao Temer e suas reformas escravagistas e foram quatro anos sem dizer (e proibindo seus jornalistas de dizer) que Bolsonaro era de extrema-direita.
Ninguém aguenta ser ombudsman daquilo. A esquerda se espanta com a Folha porque seria um sonho se ela fosse progressista. Ela até parece que é, mas engana.
Eu ainda a leio, porque as notícias sobre política internacional, cultura, saúde e meio ambiente têm apuro jornalístico de jornal liberal civilizado, como o The Guardian, mas não me espanto com a saudade que o Sérgio D’ávilla e a família Frias sentem do bolsonarismo e de Paulo Guedes.