MANDETTA CAIRÁ ATIRANDO?
Luiz Henrique Mandetta pode cair daqui a pouco por cima dos generais que vinham tentando protegê-lo. E a partir de amanhã o Brasil se empanturra de cloroquina, seja quem for seu substituto.
Se Mandetta não pedir demissão hoje, depois da divulgação da conversa entre Onyx Lorezonin e Osmar Terra, em que os dois discutem a saída do ministro, Bolsonaro arranjará um jeito de mandá-lo embora nos próximos dias.
Com a demissão de Mandetta, Bolsonaro tentará, desesperadamente, dar provas de que ainda governa. A briga mais recente com Mandetta não tem como causa a controvérsia do isolamento, mas a resistência do ministro em aceitar as ordens de Bolsonaro como propagandista da cloroquina.
O isolamento está na primeira etapa dos atritos. Hoje o confronto é outro. Bolsonaro não tem mais nenhum controle das atividades do governo, que é comandando pelos militares.
Sua única função é a propaganda do remédio milagroso, como fez descaradamente ontem na fala em rede nacional pela TV.
O remédio será o milagre brasileiro para o mundo. Mas Bolsonaro não quer saber só do milagre, o que ele quer é favorecer a indústria do amigo bolsonarista que movimenta milhões.
Os médicos insistem que não há nada comprovado sobre o uso do medicamento para combater o coronavírus. Mas não é isso que interessa.
A Folha informou hoje que o Ministério da Saúde enviou 500 mil comprimidos de cloroquina para os Estados. O prefeito Bruno Covas decidiu aderir aos apelos de Bolsonaro e liberar o remédio nos hospitais da rede pública municipal.
Os doentes vão tomar o remédio goela abaixo. O médico Luiz Vicente Rizzo, diretor superintendente de pesquisa do Hospital Israelita Albert Einstein, já denunciou que os médicos sofrem pressão dos parentes dos pacientes, incentivados pelo discurso de Bolsonaro e dos filhos.
Mandetta vai contar o que sabe sobre o lobby em torno do remédio? Vai sair atirando ou vai se isolar?
(No link abaixo, a notícia sobre a conversa entre Terra e Onyx, contada pelo 247 com base em informações da CNN).
E se fosse o Intercept o divulgador do diálogo?