MANDETTA ESNOBOU BOLSONARO AO VIVO

Luiz Henrique Mandetta sobreviveu atirando. O ministro tratou Bolsonaro com desprezo na primeira entrevista logo depois da reunião em que decidiram que ele fica. Os militares decidiram.

Falou durante mais de 10 minutos, ao vivo, sem interrupção, e não citou nenhuma vez Bolsonaro. Nenhuma. Só no final disse que o presidente pode, se optar por outra orientação na Saúde, trocar a equipe.

Mas falou apenas a palavra presidente, burocraticamente, sem o nome de Bolsonaro. Nos piores momentos da crise, Mandetta referia-se a Bolsonaro como o seu chefe.

Bolsonaro saiu do catálogo do ministro, e Mandetta sobreviveu batendo. Bateu nas especulações sobre remédios não comprovados para combater a pandemia, bateu pedindo paz e bateu nos que atrapalham muito e trabalham pouco. E que ele quer trabalho, trabalho, trabalho. E isolamento social.

Numa frase, enumerou palavras que são um contraponto a tudo que Bolsonaro não é e não tem: ciência, disciplina, planejamento e foco.

Apareceu com a cara inchada e os olhos vermelhos, injetados, de quem havia chorado. A GloboNews mostrou, como sempre, a entrevista ao vivo com o ministro em primeiro plano, com o tronco ocupando toda a tela.

Mais tarde, o Jornal Nacional fez uma estranha opção. A câmera mostrou Mandetta todo o tempo a uns seis ou sete metros de distância. Por quê? Porque não havia outra câmera mais próxima? Mas e a câmera que mostrou o ministro de perto, com o rosto inchado, na GloboNews?

Mandetta teve claque e aplausos, falou como se ensaiasse o tom de candidato, disse que os servidores do ministério haviam limpado gavetas – inclusive as dele –, achando que seriam demitidos, e cometeu uma gafe.

O general da guerra contra a pandemia disse que os seus assessores fizeram uma confidência e uma declaração de lealdade. Se ele caísse, todos iriam embora.

No meio da guerra, quando o mais importante, segundo ele mesmo, é vencer a pandemia, como uma equipe toda iria embora? O compromisso com o ministro é maior do que o assumido com o setor público, para que a peste seja vencida?

Mandetta pareceu acelerado, tomado pelo entusiasmo do sobrevivente. Ele mesmo sabe que amanhã Bolsonaro pode atacar de novo.

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