O fascismo conta sempre com o voto dos encabulados

O francês Guy Sorman, um dos maiores pensadores do liberalismo mundial, virou manchete do jornal argentino Página 12, que reproduziu hoje trechos de um artigo publicado pelo economista no jornal espanhol ABC, de Madrid.

O trecho que abre o comentário sobre o artigo informa o seguinte sobre a possibilidade de vitória de Javier Milei, o candidato da extrema direita nas eleições de domingo:

“É terrível, é um espanto (a possibilidade de Milei vencer). O problema de Milei é que ele se diz um liberal. Ele foi meu aluno em Buenos Aires. Em primeiro lugar, é um louco e só em segundo plano é um liberal”.

Sorman teme que o governo de Milei, se for um desastre, acabe por desmoralizar e comprometer as ideias do liberalismo.

Mas esse não é um problema para a velha direita argentina, que largou a candidata do conservadorismo e do macrismo, Patricia Bullrich, e aderiu ao extremista.

As pesquisas dizem o seguinte sobre o que pode acontecer domingo. Num total de 12 amostragens feitas até agora, Milei vence em 11. Na média, as pesquisas lhes asseguram de 33% a 36% dos votos.

Sergio Massa, candidato governista do peronismo-kirchnerista, tem entre 26% e 32%, e Patricia entre 21% e 28%.

As discrepâncias podem indicar que o eleitor está na gangorra e, o que é pior, seria capaz de repetir na Argentina o que aconteceu no Brasil, principalmente em 2022.

Aqui, Bolsonaro aparecia sempre como derrotado por Lula por uma boa diferença, que não se confirmou quando as urnas foram abertas.

Lula venceu por uma diferença de apenas 1,8 ponto percentual, quando algumas pesquisas chegavam a anunciar vitória com mais de cinco pontos de vantagem.

Bolsonaro teve muitos votos de eleitores encabulados ou envergonhados, que não apareciam nas amostragens. Diante das urnas, eles enfiaram o pé na jaca.

Milei surpreendeu no Paso (Primárias Abertas, Simultâneas e Obrigatórias) , como chamam as prévias em que os candidatos se habilitam a concorrer, se obtiverem no mínimo 1,5% do total de votos.

Nas prévias de agosto, ele obteve 30%, uma marca que nenhuma pesquisa indicava. Esta é a pergunta: o eleitor de Milei, que não aparecia com tanta força nas pesquisas antes do Paso, pode ter adotado o mesmo comportamento agora, antes da eleição para valer?

Para vencer no primeiro turno, um candidato precisa de 45% dos votos, e não de 50% mais um, como é no Brasil. Também pode ser vencedor se conseguir 40% e a diferença para o segundo colocado for superior a 10 pontos percentuais. O segundo turno, se houver, será dia 19 de novembro.

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