O ILUSIONISMO DE BOLSONARO DURA UMA SEMANA

A pesquisa do DataFolha divulgada hoje dá a Bolsonaro um lastro popular, de base social, de povo mesmo, que muita gente achava improvável.

Bolsonaro pode ter tentado, na intuição, afastar-se da base eleitoral dos brancos ricos e machos e da classe média, que o sustentou eleitoralmente como antiLula e antiPT, para se jogar na direção de uma base até agora precária de setores de baixa renda e baixa escolaridade. Não era essa sua base.

O DataFolha informa o que a manchete da Folha tentou esconder hoje: uma maioria de 35% acha ótima ou boa a ‘gestão’ de Bolsonaro para o controle da pandemia. Os que consideram ruim ou péssima são 33%.

Outros 26% avaliam a atuação de Bolsonaro como regular e apenas 5% não sabem opinar. Dos 35% que exaltam a performance, a maioria é pobre. Os ricos e a classe média, segundo a pesquisa, começam a se afastar em massa de Bolsonaro.

Os mais pobres foram hipnotizados pela tese de que ele é forte e o vírus é fraco. Bolsonaro desmascarou o bicho, essa é a mensagem. O povo, ao lado dos jovens, está convencido de que se trata apenas uma gripezinha.

Os brasileiros bem de vida avisam que não há mais como levar a sério Bolsonaro como líder das reformas e tampouco da guerra contra o vírus, e os velhos, segundo outra conclusão óbvia do DataFolha, são os que mais temem a pandemia.

O povo de baixa renda, por desinformação, e os jovens, pela soberba de quem se considera imune e eterno, assimilam e dão sustentação às bravatas de Bolsonaro.

As reações a uma pandemia oferecem a chance para que se avalie com calma os danos da romantização das ignorâncias, tão cara às esquerdas.

O povo é sábio até ser convencido por Bolsonaro de que o coronavírus é um blefe. Ele joga agora com a fidelização dessa massa de gente que não sabe que nada sabe sobre o que a espera nas próximas semanas.

Bolsonaro é o cara que, ao lado dos filhos, vai enfrentar a coisa produzida na China, mas que não é tão cabeluda como anunciam.

O sujeito estava perdido em meio às informações e as ações contra a pandemia, pela incapacidade de absorver e transmitir conhecimento e um mínimo de sensatez.

O espaço do desvario é o seu teatro. Bolsonaro finalmente encontrou o seu espaço e o tom certo para lidar com a peste.

É provável que o povo não entenda direito nem mesmo as idas e vindas de Bolsonaro para cortar salários e favorecer os empresários.

Na cabeça de muita gente, medidas tão drásticas são impostas pela histeria criada em torno de uma peste saída dos laboratórios do comunismo.

Estamos na fase aguda em que o ilusionismo bravateiro de Bolsonaro desiste do apoio dos ricos e da elite empresarial e se apega aos pobres pela desinformação, mesmo que os maltrate.

Vai funcionar até quando? Mais adiante, talvez já na semana que vem, os corredores dos hospitais, o desemprego e a fome poderão responder.

(Texto publicado originalmente no Brasil 247)

https://www.brasil247.com/blog/o-ilusionismo-de-bolsonaro-acaba-em-uma-semana

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